O deputado federal José Antonio Reguffe (PDT-DF) eleito pelo Distrito Federal, num ato no mínimo, surpreendente, abriu mão dos benefícios e ajudas de custo parlamentar que, para ele, “são desperdício de dinheiro público”.
Enquanto o deputado federal abriu mão dos benefícios e privilégios recebidos durante o mandato, porque será que nenhum dos deputados e senadores evangélicos também não fizeram o mesmo? Será que a enorme bancada evangélica teria coragem de abrir mão de tudo isso?
Ainda no começo de fevereiro, ele encaminhou seis ofícios para a Diretoria da Câmara pedindo – em caráter irrevogável – os seguintes itens:
- Suspensão do 14º e 15º salários que teria direito a receber;
- Redução da verba de gabinete em 20% – passando de R$ 60 mil para R$ 48 mil;
- Redução – de 25 para nove – do número de assessores a que teria direito;
- Diminuir em mais de 80% a cota interna do gabinete. Dos R$ 23.030 a que teria direito por mês, reduziu para apenas R$ 4.600;
- Acabar com o seu auxílio moradia, por, segundo descrito no ofício, entender que deputados eleitos pelo Distrito Federal não necessitem do benefício;
- Acabar com a cota de passagens, também por ter sido eleito pelo DF.
A assessoria do parlamentar calculou que ele vai economizar aos cofres públicos mais de R$ 2,3 milhões nos quatro anos de mandato. “Defendo a tese de que um mandato pode ser de qualidade, custando bem menos para o contribuinte do que custa hoje. É o que pratiquei enquanto deputado distrital e agora enquanto federal”, afirmou Reguffe a Terra Magazine.
Se os outros 512 deputados fizessem o mesmo, a economia aos cofres públicos seria superior a R$ 1,2 bilhão, ainda segundo cálculos feitos pela equipe do parlamentar. “Consigo fazer todo o meu trabalho e cumprir a minha obrigação para com a sociedade”, afirmou, para depois destacar que com o que recebe consegue manter “assessores de qualidade” em seu gabinete.
- Eu consigo trabalhar bem com essa equipe, consigo ter um mandato bom, que me dê um suporte técnico. No meu gabinete tenho um assessor jurídico, legislativo, de imprensa, chefe de gabinete… – relata.
Para Reguffe, “o montante era excessivo, porque um deputado precisa ter assessores, mas não 25, que acaba parecendo uma estatização de cabos eleitorais”. Questionado se seus colegas de partido pretendiam seguir o mesmo caminho, o parlamentar preferiu não entrar nessa polêmica e se limitou a falar de suas iniciativas.
Apresentados os seis ofícios, alterando o orçamento de seu próprio gabinete, o deputado encaminhou à Mesa Diretora dois projetos que acabariam com o 14º e 15º salários, reduziria a verba de gabinete e o número de assessores de 25 para nove.
“Tudo o que eu proponho tenho que fazer antes no meu gabinete”, diz Reguffe, que rejeita a acusação de demagogia: “Alguns colegas acham que isso é demagogia. Seria demagogia se eu pregasse isso e não fizesse dentro do meu próprio gabinete”. E, irônico, completa: “Bom seria se fossem todos ‘demagogos’”.
A bancada evangélica no congresso conta hoje com 81 deputados e senadores. A maioria destes parlamentares evangélicos eleitos é do campo majoritário da igreja Assembléia de Deus mas, tem deputados da Igreja Batista, da igreja Presbiteriana, da igreja do Evangelho Quadrangular, da Igreja Internacional da Graça, da igreja Maranata e da igreja Metodista, entre outras denominações.
Teresina Gospel
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