Contexto SAGRADAS ESCRITURAS, março, 2020


ICorinthios 10

E não tentemos a CHRISTO
E não murmureis, como tambem alguns delles murmurarão, e perecerão pelo destruidor.
E todas estas cousas lhes sobreviérão em figura, e estão escritas para nosso aviso, em quem ja os fins dos seculos são chegados.
O que pois cuida que está em pé, olhe que não caia.
[Almeida, 1850]

[782,630]


setembro 24, 2008

Liderar ou servir?

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Compartilhamos com Osmar Ludovico, que, o moderno conceito de liderança é estranho às Escrituras, que afirmam que quem quiser ser líder deve ter postura de servo.

Existe na Igreja protestante contemporânea uma preocupação muito grande em capacitar e treinar pastores, líderes e missionários. É um anseio legítimo, já que muitos obreiros tiveram uma preparação acadêmica e técnica deficiente; e também porque, como em todo campo de atividade humana, a obra de Deus tem a necessidade de constante atualização e aprofundamento – isto é, de uma educação contínua. No entanto, na maior parte do tempo, os programas de treinamento e capacitação voltados para dirigentes cristãos são baseados em técnicas seculares. O objetivo de tais procedimentos é aprimorar habilidades, aumentar o desempenho e maximizar os resultados. Ou seja, conceitos de mercado. A proposta e a linguagem destes programas são, geralmente, distantes do projeto de Jesus de Nazaré.

A partir dessa tendência, que ganhou força a partir dos anos 1990, passamos a correr o risco de ver uma geração de pastores eficientes no domínio de técnicas de gerenciamento, marketing e formação de equipes vencedoras, mas com uma vida espiritual precária. O resultado pode ser visto na trajetória de inúmeros líderes bem sucedidos em público, mas que camuflam suas crises espirituais, existenciais e emocionais. Gente que esconde tremendos dramas familiares e crises pessoais atrás do ativismo e de discursos bem elaborados.

Esse negócio de treinamento de líderes por meio de técnicas é uma idéia secular. Muito boa, aliás, para executivos, gerentes de negócios ou coordenadores de equipes de vendas. Funciona bem no mundo corporativo, em que o coração e os sentimentos costumam valer menos que os gráficos de lucratividade. Mas esse conceito de liderança é estranho às Escrituras, que afirmam que quem quiser ser líder deve ter postura de servo. A Bíblia afirma ainda que Deus usa pessoas fracas, sobre as quais o seu poder se manifesta.

Se procurarmos o equivalente no ensino de Jesus Cristo, teremos que falar então de formação de servos pelo exemplo e amizade. Treinamos líderes para serem bem sucedidos, e por outro lado, formamos servos para se doarem sacrificialmente e desinteressadamente, cuja motivação primária é servir aquele que os enviou. Essa motivação independe de sucesso ou resultados e constitui uma diferença básica entre os dois conceitos: o primeiro oriundo das técnicas de administração de recursos humanos das grandes corporações, e o segundo inspirado na vida e no ministério de Jesus de Nazaré.

A formação dos discípulos de Cristo aconteceu no campo missionário. Ela se desenrolou nas estradas empoeiradas de Israel, em contato direto com pessoas perdidas e necessitadas, com baixo custo. Já o moderno treinamento de líderes, em geral, acontece em ambientes refrigerados de bons hotéis, com apostilas bem preparadas, preletores acadêmicos, exposições com datashow e participantes ostentando crachás coloridos e notebooks. O custo é elevado e o financiamento, geralmente, oriundo do exterior. O critério de avaliação pastoral é a curva de crescimento numérico da igreja e o desempenho do líder como gerente de bons programas e motivador de pessoas. Isso gera uma enorme crise de vocação para aqueles que resistem ao modelo do mercado adotado pelas igrejas de resultados, de rápido crescimento de audiência e faturamento.

Mesmo assim, tenho grande respeito por homens e instituições que se dedicam a treinar líderes no contexto de igreja evangélica. Gostaria muito de vê-los integrando mais a dimensão espiritual, pois muitos dos nossos pastores já não sabem mais ler a Bíblia devocionalmente e tampouco orar para se relacionar intimamente com Deus. Tendo chegado onde estão, já não sentem mais a necessidade de continuar crescendo na dimensão da transformação do caráter por meio do quebrantamento e da confissão. Tornam-se pessoas isoladas, sem amigos do coração, resistentes à exortação e rodeados de seguidores deslumbrados.

Carecemos de homens e instituições que se dediquem a ajudar pessoas separadas para o ministério a resgatar o sentido da vocação e da intimidade com Deus por meio da leitura bíblica e da oração – o que significa, necessariamente, a andar na contramão, resistindo às tentações e ao fascínio das técnicas seculares de liderança. Existe uma diferença fundamental entre investir em pessoas fornecendo ferramentas para o sucesso no ministério e a formação de servos quebrantados.

Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos ajude a discernir a diferença entre o cristianismo que forja homens e mulheres que buscam servir a Deus e aos homens com santidade e sacrifício e o capitalismo que gera líderes religiosos vaidosos, ambiciosos e endinheirados.
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2 comentários:

Rosa Farias disse...

É isso ai,temos que entender que fomos chamados para servir a Deus;a semelhança de Cristo que se despiu de sua glória para servir aos homens,ele mesmo nos pede que venhamos a servir em amor uns aos outros;apesar de já ter feito um curso de Liderança Cristã,creio que não há nada melhor do que ser moldado nas mãos do grande oleiro,e moldado para servir;que venhamos a servir aquele que nos comprou com sangue.

Paz de Cristo.

JamesCondera disse...

Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus, e de Jesus nosso Senhor, irmã Rosa!

Com os olhos da fé, podemos visualisar Jesus ensinando a seus díscipulos quando praticava o lavapés, após a Ceia (diga-se de passagem, ato que muitos pastores hoje abominam em realizar), quando afirma:

"Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou." (João 13.16)

Porém, não é o que a famigerada liderança eclesiástica moderna, com raras exceções, almeja, pois, querem na realidade o seu bel prazer mundano, serem servidos...

Deus a abençoe e aos seus ricamente, e, pela honrosa visita ao nosso humilde blog.

Fraternalmente.
James.