Contexto SAGRADAS ESCRITURAS, março, 2020


ICorinthios 10

E não tentemos a CHRISTO
E não murmureis, como tambem alguns delles murmurarão, e perecerão pelo destruidor.
E todas estas cousas lhes sobreviérão em figura, e estão escritas para nosso aviso, em quem ja os fins dos seculos são chegados.
O que pois cuida que está em pé, olhe que não caia.
[Almeida, 1850]

[782,630]


maio 04, 2008

Conhecendo a Bíblia - 1ª parte

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ANTIGO TESTAMENTO

A Bíblia cristã tem duas grandes partes: o Antigo e o Novo Testamento. Em grego, há uma única palavra para dizer aliança e testamento. Poderíamos, então, dizer: Antiga e Nova Aliança.

O Antigo Testamento é uma coleção de 46 livros onde encontramos a história de Israel, o povo que Deus escolheu para com ele fazer uma aliança. Portanto, o Antigo Testamento é a história de um povo: mostra como surgiu, como viveu escravo no Egito, como possuiu uma terra, como foi governado, quais as relações que teve com outras nações, como estabeleceu suas leis e viveu a sua religião. Apresenta seus costumes, sua cultura, seus conflitos, derrotas e esperanças.

O importante, porém, é que o Antigo Testamento é a história desse povo em aliança com Deus. Nada do que se conta a respeito de Israel está desligado do seu relacionamento com Javé, o nome com que Deus se revelou. O Antigo Testamento mostra como esse povo se comportou em relação à Javé, e qual é o projeto que Deus quis realizar no meio da humanidade através desse povo. Israel foi um povo escolhido, diferente, justamente porque estava encarregado de realizar esse projeto de Deus. Esse projeto aparece bem claro nesses livros: considerar só Deus como o Absoluto, para que as relações entre as pessoas possam ser fraternas e ter como centro a liberdade e a vida. Vendo como Israel foi fiel ou não a esse projeto e como Deus agiu no meio dele, poderemos nos aproximar com mais compreensão da outra parte da Bíblia, chamada Novo Testamento.

Jesus, o Filho de Deus, se encarnou na terra e na história concreta do povo de Israel, assumindo sua história, tradições, cultura e religião. Fez do Antigo Testamento a inspiração e a norma de sua palavra e atividade: realizar o projeto do Pai. Bem cedo a comunidade cristã percebeu que Jesus havia realizado todas as promessas, trazendo o Reino de Deus para a história. E foi com a luz do Antigo Testamento que os primeiros cristãos compreenderam o significado da pessoa e da atividade de Jesus e produziram, pouco a pouco, os escritos do Novo Testamento. A mesma tarefa cabe a nós: ler e meditar o Antigo Testamento, a fim de compreender a pessoa de Jesus e continuar a sua palavra e ação na história.

O Pentateuco

Pentateuco é uma palavra derivada do grego e significa «cinco livros» Essa palavra é usada para indicar os cinco primeiros livros da Bíblia, isto é: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Os judeus chamam essa parte da Bíblia com o nome de Torá, que significa Lei.

Nesses cinco livros encontramos histórias e leis que foram postas por escrito durante seis séculos, reformulando, adaptando e atualizando tradições antigas e criando novas. Tanto as histórias como as leis giram em torno de um centro: o ato libertador de Deus no êxodo, que é o ato fundante do povo de Israel.

As histórias aí contidas, na sua maioria, nasceram no meio do povo e, primeiramente, eram histórias de famílias, de clãs e de tribos que procuravam transmitir oralmente, de geração em geração, ensinamentos e fatos. Mais tarde essas histórias foram reunidas, modificadas e interpretadas para que todo o povo de Israel pudesse se espelhar nelas e para que elas expressassem a fé em Javé, o Deus que liberta.

As leis pertencem a várias épocas e são diretivas para o povo nas diversas etapas da sua história. Todas elas, porém, procuram, em circunstâncias diferentes, conduzir a uma prática que reflita o ideal proposto pelas normas básicas do projeto de Deus: a libertação do povo e a formação de uma sociedade onde haja liberdade e vida para todos. Essas leis, portanto, não são perenes e intocáveis, mas expressam um momento determinado da vida, com os conflitos que existiam dentro do povo de Deus; mais do que serem aplicadas diretamente à nossa realidade, elas servem de exemplo e modelo para que aprendamos a discernir as situações e criar uma legislação que responda às necessidades do povo, conforme o projeto de Deus. Não podemos esquecer, porém, que a lei deve servir ao povo e não ser instrumento de opressão contra o povo, «E disse-lhes: o sábado foi feito por causa do homem, e não o homem, por causa do sábado» (Mc 2.27). Jesus, que veio trazer a libertação e a vida em plenitude, não aboliu, mas mostrou o verdadeiro espírito dessas leis (cf. Mt 5.17). Ele próprio apresentou um resumo de toda a Lei: «Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os Profetas» (Mt 7.12).
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